sexta-feira, 5 de março de 2010

APENAS MARIA

     Aquela mulher era especial, tinha os cabelos agora brancos.        Em seu rosto as rugas tomavam conta de quase todo o espaço. mas com todo respeito isso apenas significava experiência vivida. Mãos flácidas e delicadas agora eram tremulas, sentada ali naquela cadeira seu corpo balançava de um lado para o outro que mais parecia um cadáver. 
  Seus lábios mal se abria ao cantarolar uma antiga canção que nem eu mesma conhecia. 
Parecia que ela se fechava em um mundo distante que só ela tinha acesso. Largada ali naquele asilo a tanto tempo que nem os funcionários se lembram quando chegou. 
Em sua ficha consta que foi mãe de doze filhos e que foi uma dama da elite daquela cidade.
 Seu semblante demonstrava que tinha apenas uns oitenta anos, mas em sua ficha constava que tinha noventa e cinco anos. 
Com certeza seus familiares pensam que ela já não existe mais. Mãe Maria é assim que é chamada é simplesmente mais uma Maria esquecida pela crueldade, pelo egoísmo, pela injustiça e falta de amor ao próximo.
 Este é o destino de muitas Mariazinhas que num futuro bem próximo serão apenas mais uma Maria.


                                                                                   28/04/98 20:45h

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